Amianto

Descrição geral
Amianto (CAS No. 1332-21-4) é a denominação atribuída a minerais de silicato fibrosos [1]. Estes silicatos são hidratados e associados a catiões como sódio, magnésio, cálcio ou ferro [2]. Normalmente estes são encontrados em rochas metamórficas [1].
Trata-se de uma substância inorgânica, conhecida por ser um carcinogénio humano [3].
A definição legal de “amianto” limita o termo a 6 minerais fibrosos pertencentes a dois grupos distintos: grupo Serpentina: crisotile (CAS No. 12001-29-5) e grupo Anfíbola: amosite (CAS No. 12172-73-5), crocidolite ( CAS No. 12001-28-4), tremolite (CAS No. 14567-73-8), actinolite (CAS No. 13768-008) e antofilite (CAS No. 17068-78-9). Todos estes minerais também existem na forma não fibrosa, no entanto, nesse caso não se considera amianto [1-2].
Propriedades
Os minerais de amianto possuem fibras longas que são separáveis (por processos físicos) e cujo arranjo é paralelo [4].
Estas fibras não possuem odor nem sabor detetável e não são visíveis a olho nú [5], podendo ser visualizadas ao microscópio. As fibras diferem de acordo com o grupo em questão.
No caso do grupo Serpentina (que inclui crisotile) as fibras são flexíveis e curvadas. Quanto às fibras do grupo Anfíbola, estas são quebradiças e em forma de agulha [4].
Crisotile é também conhecido como "amianto branco" e é a forma comercial mais utilizada. Este, na forma pura não contém ferro e a sua fórmula química é Mg3Si2O5(OH)4 [4].
De um modo geral, o amianto é um material forte, resistente ao calor, apresenta flexibilidade, resistência à tracção, capacidade de adsorção, isolamento térmico e sonoro [1].
As fibras são quimicamente inertes, não se evaporam, não se dissolvem em água, não são inflamáveis, não sofrem reações significativas com a maioria dos produtos quimicos e são resistentes à maioria dos ácidos e solventes [4].
Em meio aquoso ácido ou neutro, há perda de magnésio a partir da camada externa do crisotile, sendo que isto corresponde a uma perda mineral. Mas no caso das fibras de Anfíbola são mais resistentes ao ataque ácido e todas as variedades de amianto são resistentes ao ataque alcalino [4].
É importante salientar que, apesar de as fibras não se evaporarem nem se dissolverem, o desgaste dos produtos que contêm amianto pode permitir a entrada do mesmo no ar e na água [4].
As fibras de menor diâmetro podem ficar suspensas no ar durante muito tempo e serem levadas para outros locais através do vento e da água, contudo, as fibras de maior diâmetro têm tendência a sedimentar mais rapidamente e não conseguem migrar através do solo [4].
Vias de entrada no organismo
- Inalação de fibras suspensas no ar [4]
- Via oral (Beber fibras de amianto que estão suspensas na água) [4]
Quando se respira um ambiente com fibras de amianto, estas tendem a ficar retidas/depositadas nos pulmões. Isto leva a um acumular das mesmas ao longo do tempo. No entanto, estas podem ser removidas do pulmão com o tempo (através de clearance mucociliar ou por macrófagos).
As fibras de crisotile têm uma permanência pulmonar menos prolongada que as restantes fibras[4]. Por este motivo, apesar de todas as formas do amianto serem perigosas, e todas poderem provocar cancro, as do grupo Anfíbola são consideradas mais perigosas do que a crisotile (grupo Serpentina) [4].
As fibras de amianto que são ingeridas penetram a mucosa gástrica e uma pequena percentagem distribui-se por outros tecidos. A maior parte destas fibras são expulsas pelas fezes [2].
Os cientistas reconhecem o amianto como uma ameaça para o homem porque as suas fibras, quando inaladas, podem causar cancro e outras doenças pulmonares. No entanto, importa salientar que isso é mais provável de acontecer quando as pessoas estão expostas a altas concentrações de amianto por um período prolongado de tempo. O período de tempo decorrente entre a exposição ao amianto e o desenvolvimento de patologias associadas à exposição pode ser cerca de 30 anos [6].
Estrutura única
A unidade básica do amianto é:



b)


Figura 1: Estrutura básica do amianto
Adaptada de: http://www.atsdr.cdc.gov/toxprofiles/tp61.pdf
Figura 2: Fibras de amianto
Adaptado de: http://www.atsdr.cdc.gov/toxprofiles/tp61.pdf
a)
O grupo Anfíbola apresenta fibras em cadeia dupla (a) que cristalizam em fibras longas. O grupo Serpentina possui fibras que tendem a enrolar-se sobre si, formando uma estrutura tubular (b) [4].